Nos dias tristes, a fome aperta, mas não se abre o apetite...Os dias de sol ganham proporções de nuvens pesadas e há algo de cinzento nos raios que aterram...Os sorrisos dos outros parecem ter um ar cínico e provocador. Os nossos pensamentos vagueiam como sempre, mas não encontram nada de animador, de pacificador, harmonioso, nada...O corpo entrega-se ao desconhecido, já não lança raízes, não investe, não domina. Apenas bate o coração, teimosamente indo contra a corrente. Nos dias tristes, o belo é feio e as paisagens não transformam disposições. Nos dias tristes, a solidão é solução permanente, é o segredo do sucesso, é o sucesso da própria tristeza. A solidão é o apetite voraz que consome sentimentos. E não apetece sair dali. É uma anestesia colérica que amarra e que permanece sem ceder. Nos dias tristes, se apetece fugir, também apetece ficar, sem fazer nada, sem ser ninguém.
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